cover
Tocando Agora:

Crimes virtuais nas redes sociais contra pessoas com deficiência

A internet é uma ferramenta para diminuir distâncias, aproximar pessoas, promover reencontros, emoções etc... Além de tornar todo tipo de informação mais...

Crimes virtuais nas redes sociais contra pessoas com deficiência
Crimes virtuais nas redes sociais contra pessoas com deficiência (Foto: Reprodução)

A internet é uma ferramenta para diminuir distâncias, aproximar pessoas, promover reencontros, emoções etc... Além de tornar todo tipo de informação mais acessível para todos, assim como estamos fazendo com o “Mão na Roda” levando até você informações sobre esse peculiar mundo das deficiências.   Contudo, a internet, essa poderosa ferramenta têm se transformado em um ambiente de ódio e intolerância. Diariamente encontramos discursos de ódio nas redes sociais, em sites e blogs fakes. O motivo? Respondo sem “mimimi”, pura mediocridade, simples.   Lembra-se do Orkut? MSN? Pois é... Desde a era “neandertal” do 3G, Wi-fi, esse tipo de comportamento vem sendo praticado. Pra se ter uma ideia da magnitude desse tipo de mediocridade, em 12 anos, a ONG SaferNet recebeu e processou 702.698 denúncias anônimas de Apologia e Incitação a crimes contra a Vida envolvendo 118.443 páginas (URLs) distintas (das quais 29.462 foram removidas) escritas em 9 idiomas e hospedadas em 11.088 hosts diferentes, conectados à Internet através de 10.079 números IPs distintos, atribuídos para 68 países em 5 continentes. Só no Brasil esse número chega a 18.945 páginas em 8115 hotlines, denúncias sobre conteúdos que incitam à violência, o racismo, xenofobia, intolerância religiosa homofobia, neonazismo, entre outros crimes.   Todas essas denúncias foram registradas pela população através dos 7 hotlines brasileiros que integram a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos que, a propósito recebeu 3.861.707 denúncias de conteúdo de ódio na internet, envolvendo 668.288 páginas diferentes, em nove idiomas. E isso é apenas aquilo que foi denunciado, ou seja, o que não chega nem perto do total de casos de intolerância na internet.   Um levantamento feito pela mesma ONG, revelou  que cerca de 90,1% dos 45.873 comentários foram feitos de forma maldosa à pessoas com deficiência entre os meses de julho a setembro de 2017. Alarmante, não?   Ao que parece, a internet provoca uma sensação de segurança e impunidade para as pessoas vomitarem ideais pejorativos, mesquinhos e o que de pior guardam dentro de si. Além do anonimato, estar atrás de uma tela de computador, provoca a sensação da proteção de um “escudo” invisível, permitindo que os criminosos ataquem suas vítimas sem estarem cara a cara.   Um fato curiosíssimo é que a maioria dos comentários esdrúxulos não tem nós, pessoas com deficiência como foco, mas são usados pejorativamente à outras pessoas, por exemplo, chamar o outro de "down", "demente", "retardado", “mongol” etc..   Mesmo o deficiente em si não sendo o público alvo do ofensor esse comportamento é multiplicado, pois além de ser extremamente ofensivo a vítima alvo, ainda atinge outras pessoas com esse tipo de deficiência.   As redes sociais propiciam a disseminação do ódio, sem falar da extensão no alcance público que, quanto mais divulgado mais os criminosos sentem-se recompensados, premiados ao encontrarem usuários virtuais que reproduzem seus pensamentos concordando com esse tipo de discurso. Toda essa explicação resume-se basicamente naquele efeito negativo do curtir e do compartilhar.   Com isso, as redes sociais reproduzem a validação do ódio e intolerância a respeito das mais diversas deficiências, racismo, misoginia, aparência, religião, política, homofobia, xenofobia, idade/geração e classe social que, outrora eram mais complicados e demorados de disseminar.   A maioria das postagens captadas com comentários negativos teve origem no Twitter, representando mais de 98%, em seguida no Instagram que por sinal vem crescendo rapidamente. Sobre o Facebook vale destacar o fato de que a maioria das postagens não é pública, ou seja, impedem que boa parte dos comentários da rede seja captada.   Apesar do estrondoso número negativo, os haters (criminosos virtuais) vêm perdendo espaço. O motivo? O aumento do número de internautas que passaram a opinar diversos assuntos polêmicos, ou seja, equilibrando os números. A ágil criação de conteúdos maléficos tem promovido a qualificação nos debates polêmicos, mas fundamentais e que demandam discussão em nossa “desinformada” sociedade brasileira.   Assim, como denunciar um crime virtual? Você precisa reunir o maior número de provas possíveis. É essencial que faça a impressão das páginas, guarde os endereços virtuais, salve os links dos indivíduos responsáveis pelo crime – deve-se atentar em salvar a URL onde o crime foi cometido. Uma vez com as provas em mãos, dirija-se a qualquer tipo de delegacia. Há, em certos locais, aquelas especiais para crimes virtuais – infelizmente não é o caso de Uberlândia.